segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A função da reunião de pais



Segundo a LDB (Lei de Diretrizes e Bases-Lei 9.39496) “A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana...”.
As escolas brasileiras possuem características similares quando o assunto é reunião de pais, isso por que todas realizam esse procedimento. As reuniões acontecem em geral em determinados períodos do ano, especialmente no fechamento dos bimestres, momento que marca a entrega de notas.

O sistema brasileiro de ensino propõe que um aluno para avançar nas séries de ensino subseqüentes deve obter notas mínimas em todas as disciplinas, desse modo, os principais objetivos das periódicas reuniões é justamente para discutir esse assunto.

Em praticamente todas as reuniões promovidas pelas escolas as realidades são idênticas, até mesmo a estrutura delas são parecidas, os pais dos alunos que obtiveram notas elevadas e que apresentam bom comportamento são parabenizados e os pais daqueles que não atingiram as médias estabelecidas pela escola e que não apresentam comportamento apreciado, são alertados quanto à falta de interesse e disciplina do filho.

A concepção de grande parte dos educadores em momento de reunião de país é de “vingar” do aluno, pois existe a possibilidade de colocar os pais contra os filhos a partir do “arsenal” de informações negativas obtidas no decorrer do bimestre e que nesse momento é emitido para os responsáveis. Esses educadores esperam não uma melhoria e sim uma punição por parte dos pais.

Esse agrupamento escolar não deve ter tal configuração, pois ao invés de promover uma evolução positiva pode dificultar o desenvolvimento do aluno.

A escola deve abrir espaços para solucionar ou pelo menos buscar alternativas para uma melhoria na realidade escolar do aluno, desse modo deve-se estabelecer parcerias entre a escola e os pais, para que haja uma condução positiva dos possíveis problemas, além disso, os professores devem compreender a realidade em que vive determinado educando, para que não venha fazer julgamentos precipitados a respeito do mesmo.

Isso faz parte da realidade de muitas crianças, adolescentes e jovens, quando alguns alunos não apresentam bons resultados escolares são reprimidos ou excluídos como um ser para o qual não há solução, sendo que muitas vezes esse indivíduo é fruto de lar desestruturado, pais separados, quando existe alcoolismo na família, violência, dentre muitas outras mazelas de ordem familiar.

Nesse sentido é que a reunião deve se focalizar, na troca de informações para que a partir desse ponto possa elaborar de forma conjunta uma solução, e que não se resuma somente em períodos de fechamento de notas, mas no decorrer de todo o ano.

Essa perspectiva não é algo que ocorre na totalidade das escolas, ou seja, não é uma regra, porém é a pratica mais difundida no meio escolar, nesse caso o melhor é planejar objetivos e questionamentos direcionados à família e que essa também agregue contribuições, uma vez que a escola não consegue educar sozinha.

A educação deve ser instituída com a participação efetiva de pais e escola. As reuniões devem fazer parte da realidade escolar como algo harmonioso e um centro de soluções para vida escolar dos alunos.

Por Eduardo de Freitas
Equipe Brasil Escola
Fonte: http://www.educador.brasilescola.com/orientacao-escolar/a-funcao-reuniao-pais.htm

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

DICAS AOS PAIS


Leia as dicas abaixo e veja o que você deve


fazer em casa pela Educação do seu filho.



1Converse com o seu filho

✓ Pergunte o que ele aprendeu de

novo no colégio e mostre interesse

✓ Peça que ele lhe ensine algo.

Isso ajuda a fixar o conteúdo

✓ Pergunte se ele tem

dificuldades na escola



2 Cobre as obrigações do seu filho

✓ Garanta que ele vá

à escola na hora certa

✓ Faça perguntas para

descobrir se ele presta

atenção nas aulas

✓ Confira se ele faz a lição

de casa diariamente

✓ Ensine-o a respeitar os professores,

os funcionários e os colegas



3 Acompanhe a lição de casa

✓ Combine com ele um

horário para os estudos

✓ Separe um lugar tranquilo

da casa para a lição.

Não esqueça de desligar a TV

✓ Ofereça sempre sua ajuda.

Filhos estimulados pelos

pais a fazer as lições de casa

têm um desempenho melhor.

Mas atenção: estimular não é

fazer as lições pela criança

✓ Olhe os cadernos e mostre

interesse pelos trabalhos

✓ Estimule-o a pesquisar

e descobrir as respostas

por conta própria



4 Fique de olho no aprendizado

✓ Veja se seu filho está aprendendo

o que deveria na idade dele:

l Aos 8 anos, deve saber ler

e escrever com facilidade

l Aos 10 anos, deve saber somar,

subtrair, multiplicar e dividir

l Aos 14 anos, deve resolver

uma equação de 1o grau

com duas variáveis (X e Y)

e interpretar textos com

diferentes opiniões

Se seu filho não aprendeu

o que deveria para a idade

dele, procure o diretor da escola

✓ Veja sempre as notas do seu filho:

l Se forem ruins, pergunte ao

professor como você pode ajudar

l Se forem boas, elogie-o

para que continue assim



5 incentive o seu filho a ler

✓ Leia sempre. É bom para

você e excelente para

o seu filho, que seguirá o

seu exemplo naturalmente

✓ Leia para ele desde bebê,

com entonação e emoção!



Dê livros ou

revistas de presente

✓ Deixe os livros ao

alcance das mãos dele

✓ Converse com ele sobre

um livro que você esteja lendo

✓ Estimule atividades

que usem a leitura:

jogos, receitas, mapas

✓ Faça da leitura um momento

de prazer — pode até ter pipoca

✓ Leve-o para explorar

as bibliotecas

próximas da sua casa





6 Valorize a escrita

✓ Tenha sempre lápis

e papel em casa

✓ Escreva bilhetinhos para

o seu filho. Assim, ele

entenderá a utilidade da escrita

✓ Brinque de palavras-cruzadas,

caça-palavras, forca, stop e outros

jogos que envolvam a escrita

✓ Compre um diário e estimule

seu filho a anotar recordações

✓ Ao usar o computador,

incentive-o a não mudar a

forma de escrever as palavras

✓ Peça ajuda para escrever

a lista de compras



7 Dê o exemplo

✓ Seja coerente: suas atitudes

refletem o que você pensa

✓ Mostre que estudar

é importante e ler, divertido.

Estude e leia na frente dele

✓ Seja curiosa: pergunte,

questione, procure entender





8 Entenda a situação da Educação

✓ Informe-se sobre a qualidade

do ensino no país, no seu estado,

na sua cidade, na escola do seu filho





X Não deixe o seu filho faltar às aulas sem necessidade.

Faltas dificultam a aprendizagem

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Dia a dia do seu filho

 

Os pais e responsáveis têm o direito de acompanhar a educação de seus filhos. Participar ativamente da vida escolar das crianças interfere positivamente na qualidade do ensino. Veja algumas recomendações que podem melhorar a relação ensino-aprendizagem e garantir o sucesso de seu filho na escola: 

 Ed. Infantil

1. Aspectos que os familiares podem verificar diretamente na creche ou na pré-escola

•    A instituição tem autorização de funcionamento expedida pela Secretaria Municipal de Educação?
•    O alvará sanitário está afixado em lugar visível?
•    A instituição tem proposta pedagógica em forma de documento?
•    Reuniões e entrevistas com familiares são realizadas em horários adequados à participação das famílias?
•    Há reuniões com familiares pelo menos três vezes por ano?
•    Os familiares recebem relatórios sobre as vivências, produções e aprendizagens pelo menos duas vezes ao ano?
•    A instituição permite a entrada dos familiares em qualquer horário?
•    Existe local adequado para receber os pais ou familiares? E para aleitamento materno?
•    As professoras têm, no mínimo, a formação em nível médio, Magistério?
•    Há no mínimo uma professora para cada agrupamento de:
•    6 a 8 crianças de 0 a 2 anos?
•    15 crianças de 3 anos?
•    20 crianças de 4 até 6 anos?
•    As salas de atividades e demais ambientes internos e externos são agradáveis, limpos, ventilados e tranquilos, com acústica que permite uma boa comunicação?
•    O lixo é retirado diariamente dos ambientes internos e externos?
•    A instituição protege todos os pontos potencialmente perigosos do prédio para garantir a circulação segura das crianças e evitar acidentes?
•    A instituição tem procedimentos preestabelecidos que devem ser tomados em caso de acidentes?

2. O que os familiares podem verificar com a criança sobre o atendimento na educação infantil

•    Pergunte qual é o nome das professoras e de outros funcionários.
•    Pergunte o nome dos amiguinhos mais próximos.
•    Pergunte à criança o que ela mais gostou de fazer naquele dia.
•    Incentive à criança a contar e a narrar situações vividas na instituição:
•    que músicas cantou ou ouviu;
•    quais brincadeiras aconteceram;
•    que pinturas, desenhos, esculturas ela fez;
•    qual livro a professora leu;
•    que história a professora contou;
•    o que ela está aprendendo, entre outras.

3. O que os familiares podem observar diretamente na criança sobre o atendimento na educação infantil

•    Observe o comportamento da criança quando ela chega na instituição (alegria, timidez ou choro).
•    Observe diária e atentamente enquanto estiver conversando com a criança, seu olhar, seus gestos, sua fala suas reações podem ajudar a avaliar o estado físico e emocional.
•    Observe as reações da criança ao ver seus colegas, isso pode demonstrar como está a relação com a turma.
•    Observe as produções e o material que ela traz da instituição.



ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO:

* Cultive o hábito da leitura em sua casa.

* Ajude seu filho a conservar o livro didático. O material servirá para outros alunos futuramente.

* Acompanhe a frequência da criança ou do adolescente às aulas e sua participação nas atividades escolares.

* Visite a escola de seus filhos sempre que puder.

* Observe se as crianças ou adolescentes estão felizes e cuidadas no recreio, na hora da entrada e da saída.

* Verifique a limpeza e a conservação das salas e demais dependências da escola.

* Observe a qualidade da merenda escolar.

* Converse com outras mães, pais ou responsáveis sobre o que vocês observam na escola.

* Converse com os professores sobre dificuldades e habilidades do seu filho.

* Peça orientação aos professores e diretores, caso perceba alguma dificuldade no desempenho de seu filho. Procure saber o que fazer para ajudar.

* Leia bilhetes e avisos que a escola mandar e responda quando necessário.

* Acompanhe as lições de casa.

* Participe das atividades escolares e compareça às reuniões da escola. Dê sua opinião.

* Participe do Conselho Escolar.




O JOVEM NO ENSINO MÉDIO


Quando o jovem chega ao ensino médio, muitas vezes os responsáveis enfrentam maior dificuldade para acompanhar os filhos no processo escolar, pois os trabalhos exigem domínio de conhecimentos específicos com maior complexidade, além do currículo apresentar maior número de disciplinas. Assim, nesta etapa de desenvolvimento do jovem, os responsáveis podem contribuir para o trabalho pedagógico da escola tomando algumas atitudes, como:
  • valorizar as atividades escolares como etapa de crescimento intelectual;
  • valorizar o avanço social do jovem tanto no que se refere à continuidade dos estudos como na compreensão e participação do espaço em que convive;
  • valorizar o acesso ao mundo do trabalho;
  • observar e acompanhar a rotina das atividades sociais;
  • conversar e ouvir com atenção os seus questionamentos, lembrando que nesta etapa de desenvolvimento surgem muitas dúvidas sobre novos temas;
  • observar o comportamento: hábitos de higiene, sono, tratamento com as pessoas, mudanças de humor e converse com o psicólogo da escola;
  • alertar sobre as responsabilidades que acompanham a maior autonomia das suas relações;
  • manter contato com a coordenação da escola para se informar sobre o desempenho desses alunos;
  • verificar o material escolar utilizado pelo jovem: como estão suas anotações, a organização, capricho, o cuidado com os livros;
  • acompanhar a frequência às aulas;

  • buscar informações na escola sobre a participação nas atividades escolares;
  • participar das atividades propostas pela escola;
  • desenvolver uma boa parceria entre família e escola, pois esta relação fortalecerá tanto o trabalho dos professores e profissionais que acompanham o dia a dia da juventude, como a orientação desenvolvida pelos responsáveis junto aos jovens;
  • participar do Conselho Escolar;
  • participar da Associação de Pais e Mestres

 FONTE: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12245&Itemid=284

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Papel do livro na vida das pessoas



Por: Elisabeth Camilo

Ouvi pela TV que o Brasil é um país onde não há o culto do livro, embora os preços tenham se tornado acessíveis. Que os pais deixam de dar livros para os filhos , mas oferecem jogos de videogame e cotas em clubes. Que os meninos e meninas não vêem as bibliotecas com bons olhos e sim como espaço de expiação e sacrifício, templo para nerds e jovens viciados em leitura. Isso é muito lastimável.

Em um programa do canal Management TV, um especialista em entrevistas para empregos relatou que a maioria dos candidatos para empregos considerados bons perdem suas chances nas entrevistas. Não sabem argumentar, expor ideias, defender opiniões. Têm vocabulário pobre, viciado em gírias e se enroscam nos clichês. No mesmo programa, um sociólogo acusa a pouca leitura desde a infância pelo grave problema dos mestrandos e doutorandos que perdem metade dos cursos tentando escrever o relatório de suas pesquisas e muitas vezes precisam recorrer a outros profissionais como redatores para concluir uma boa dissertação.

Eis o problema: livro é tudo mas não é considerado como essencial pela maioria das famílias brasileiras. O ritual da leitura diária de um jornal ou semanal de uma revista foi abolido na maioria dos lares e as bibliotecas públicas só são úteis quando professores pedem trabalhos de literatura ou de outro tema e expõem que os livros se encontram lá. Leitura por obrigação é sacrifício e tudo que é feito por dever não é prazeroso. Leitura precisa ser iniciada quando os bebês começam a descobrir o mundo, através das brincadeiras, dos passeios no parque, quando pai ou mãe conversam com os filhos sobre o que eles sentem ou vêem, o que eu vou chamar de leitura de ambiente. Há livros musicados e histórias que encantam. Se uma criança passa a amar livros, vai usar o computador também para ler os livros digitalizados e vai ler nas entrelinhas da pós-modernidade tudo que ocorre hoje em termos de mudanças de conduta e comportamento. Ainda vai levar um tempo para o Brasil chegar ao nível dos leitores médios mas para isso ocorrer, os adultos precisam de ser incentivados a lerem também. Filho de peixe é peixinho, então filho de leitor virará leitor também.

Fazer um bem para o Brasil doando um livro para um menino ou menina e dizendo para ele/ela que você leu e gostou talvez seja o maior projeto de cidadania que você estará engajado. Incentivar a ler é criar profissionais de elite para o futuro, políticos sérios e eleitores sábios, alunos exigentes e professores capazes de transformar o ambiente educacional de um país todo.

Disponível em: http://www.gostodeler.com.br/materia/10955/Papel%20do%20livro%20na%20vida%20das%20pessoas.html

terça-feira, 6 de abril de 2010

Amor-Exigente


Uma proposta de educação destinada a pais e orientadores, como forma de prevenir e solucionar problemas com seus filhos ou alunos.


Lema do Amor-Exigente: 
 



Eu o amo, mas não aceito o que você está fazendo de errado!




Por que Amor-Exigente?


Está se observando, de norte a sul, neste nosso país, o comportamento violento e autodestrutivo alastrar-se como peste entre os jovens.

Isso independe da idade, da raça, da religião, do nível de educação ou do poder econômico. Os desajustes e a inadequação tornam-se uma realidade crescente em nossa sociedade.


Os pais pensavam que se criassem bem seus filhos, amando-os e dando-lhes o melhor, tudo daria certo. Pensavam que apenas crianças abandonadas ou filhos negligenciados acabariam com problemas. Infelizmente, não é assim. Por isso, acredita-se na necessidade de os pais estarem sempre atualizados e bem-informados. É importante saber tudo sobre drogas, lícitas ou ilícitas, sobre o perigo que representam tanto para os filhos como para os pais.


Sabe-se que os pais amam os filhos de verdade. Nem sempre, porém, esse amor é suficiente para dar-lhes alegria, pois a partir do momento em que crescem, os filhos começam a exigir mil coisas, rejeitando a presença, a orientação e até o amor dos pais. Reclamam independência, mas não assumem responsabilidades. E assim, muitas vezes, os pais sentem-se frustrados, nada orgulhosos de sua condição.


No entanto, nada disso é maldição pessoal: são problemas das últimas décadas. Todos se sentem meio perdidos, meio desamparados. O Amor-Exigente quer e pode ajudar.


Basta refletir, questionar, tomar posição! Enfim, agir!

Os pais sofrem problemas semelhantes e muitos sem razão sentem-se envergonhados, cheios de culpa. Compreende-se que é difícil reagir nessas ocasiões, mas tem-se visto mudanças incríveis na vida das pessoas que freqüentam os grupos de AE. Por isso a insistência: venha. veja, julgue por si mesmo. Só é preciso perseverar, ir até o fim.


A versatilidade desta proposta é fantástica. Traduzindo Amor-Exigente por amor-disciplina e analisando a expressão, vemos um casamento perfeito: o amor vem antes, mas fica exatamente no mesmo nível de importância da exigência, da disciplina.

 Tomada de atitude


Na formação, na educação dos filhos sabe-se o quanto é prejudicial tomar atitudes sem nenhuma firmeza ou perseverança... Deixar o barco, correr por falta e tempo, por acomodação, por outra razão qualquer...


Quando o relacionamento entre pais e filhos começa a ficar difícil, a tendência geral e comumente mais acentuada entre os homens é racionalizar, minimizar a gravidade dos distúrbios de comportamento do filho, acreditando que isso esteja dentro da moderna regra social, de, que tudo se corrige com o tempo, sem maiores conseqüências.


Não é assim. Ao tomar conhecimento de qualquer inadequação de um filho, não se pode acomodar. Muitas vezes, o mais prejudicial é o descuido ou a falta de coragem para enxergar e corrigir, enquanto ainda é possível.


Fechem questão, assumam posições claras bem definidas: ao tomar uma decisão sejam firme e perseverantes. Tomar uma atitude quase sempre gera impasse, pode precipitar uma crise, mas e efetivamente ajuda o filho a mudar de rumo.


Assumir posições claras e definidas, ser definidas, ser firme e
Perseverante!




Livro "O Que é Amor-Exigente", Mara Sílvia Carvalho de Menezes; Edições Loyola

segunda-feira, 5 de abril de 2010

PAIS MAUS

Quando meus filhos forem crescidos o suficiente para entender a lógica que motiva os pais e as mães, eu hei de dizer-lhes:


Eu os amei o suficiente para ter perguntado aonde vão, com quem vão e a que horas regressarão.

Eu os amei o suficiente para não ter ficado em silêncio e fazer com que vocês soubessem que aquele novo amigo não era boa companhia.

Eu os amei o suficiente para os fazer pagar as balas que tiraram do supermercado e dizer ao dono: “Nós pegamos isto ontem e queremos pagar”.

Eu os amei o suficiente para ter ficado em pé junto de vocês, por duas horas, enquanto limpavam o seu quarto, tarefa que eu teria feito em 15 minutos.

Eu os amei o suficiente para os deixar assumir a responsabilidade das suas ações, mesmo quando as penalidades eram tão duras que me partiam o coração.

Mais do que tudo:

Eu os amei o suficiente para dizer-lhes "não", quando eu sabia que vocês poderiam me odiar por isso, e em alguns momentos até me odiaram. Essas eram as mais difícieis batalhas de todas.

Estamos contentes, vencemos! Porque, no final, vocês venceram também!

E, em qualquer dia, quando meus netos forem crescidos o suficiente para entender a lógica que motiva os pais e as mães, quando eles lhes perguntarem se seus pais eram maus, meus filhos vão lhes dizer: "Sim, nossos pais eram maus. Eram os pais mais malvados do mundo".

As outras crianças comiam doces no café, e nós tínhamos de comer pão, frutas e vitaminas. As outras crianças bebiam refrigerante e comiam batatas fritas e sorvete no almoço, e nós tínhamos que comer arroz, feijão, carne e legumes. E eles nos obrigavam a jantar à mesa, bem diferente dos outros pais que deixavam seus filhos comerem vendo televisão.

Eles insistiam em saber onde estávamos à toda hora. Era quase uma prisão. Mamãe tinha que saber quem eram nossos amigos e o que nós fazíamos com eles.

Papai insistia para que lhe disséssemos com quem iríamos sair, mesmo que demorássemos apenas uma hora ou menos.

Nós tínhamos vergonha de admitir, mas eles "violavam as leis do trabalho infantil". Nós tínhamos de tirar a louça da mesa, arrumar nossas bagunças, esvaziar o lixo e fazer todo esse tipo de trabalho que achávamos cruel. Eu acho que eles nem dormiam à noite, pensando em coisas para nos mandar fazer. Eles insistiam conosco para que disséssemos sempre a verdade e apenas a verdade. E, quando éramos adolescentes, eles conseguiam até ler os nossos pensamentos.

A nossa vida era mesmo chata. Enquanto todos podiam voltar tarde da noite com 12 anos, tivemos de esperar pelos 16 para chegar um pouco mais tarde. O papai, aquele chato, levantava para saber se a festa foi boa só para ver como estávamos ao voltar.

Por causa de nossos pais, nós perdemos imensas experiências na adolescência: nenhum de nós esteve envolvido com drogas, em roubo, em atos de vandalismo, em violação de propriedade, nem fomos presos por nenhum crime. Foi tudo por causa deles.

Agora que já somos adultos, honestos e educados, estamos fazendo de tudo para sermos "PAIS MAUS", como os nossos foram.

Fonte: Jornal Missão Jovem, Ano XVIII, nº 190. Junho/2004. Pais Maus, Dr. Carlos Hecktheuer, Médico Psiquiatra, Passo Fundo, RS.